Carnaval: a força da transformação sociológica

Para Ana Paula, a primeira estrela do Rádio
Há tempo o Carnaval tomou novo estilo e formato distantes dos bailes de clube animados por fantasias e Orquestras, como a de Severino Araújo e Vilô, no Esporte Clube Cabo Branco - o mais disputado dá cidade. O Brasil já foi dominado pelos jornais e expansivo em termos nacionais através do Rádio.
É desse tempo, dos anos 50 em diante, que o samba se espalhou pelo País inteiro levando consigo os times de futebol do Rio de Janeiro a serem populares em todas as regiões pela força do rádio. Mas a maior das mutações se deu mesmo com a expansão do carnaval de rua em detrimento dos bailes de clubes levando a sociedade a novos hábitos.
JOÃO PESSOA DE QUE ME LEMBRO
Criança criada no bairro da Torre, logo cedo passei a gostar do som eletrizante dos Bandeirantes da Torre, lá na Aragão e Melo comandado por Vinicius e Seu Bonito. A orquestra era tão boa, só faltava levantar defunto.
Também na infância passei a gostar do batuque da bateria da Escola de Samba Malandros do Morro, na esquina da Rua Rui Barbosa com a Feliciano Dourado.
É desse tempo que guardo na memória as figuras sempre à mente de Paulo Rosendo - locutor nota 10 da Tabajara, um negro bonito e elegante. Lá estavam Gilberto do Cartório, Orlando, Bobagem - alfaiate de primeira, Ivan Bracinho, Delegado, etc. Quem também pontificava na Escola era Antônio Cândido, meu pai, duas vezes presidente da Malandros, e meu avô Severino Cândido -poeta de mão cheia e autor do título dado à escola, segundo escreveu Livardo Alves.
É dessa fonte do bairro da Torre que cultivo sempre a alma de carnavalesco, até porque Maria Júlia - minha mãe e de Duda - não podia ouvir um som de orquestra que "se espiritava" toda, entrava em transe de alegria.
O RÁDIO E OS IMORTAIS
Até 1985, João Pessoa não tinha TV, portanto quem mandava na mídia era O NORTE com Marconi Góes - o dono da Paraíba - e a força fenomenal do rádio.
É instrumento de revolução comunicativa que fez imortal nomes na cobertura do carnaval como Paulo Rosendo, Cardivando de Oliveira, Metuzael Dias, Ivan Bezerra de Albuquerque - quando tomava todas -, Gilvan de Brito, Ivan Thomaz, Bernardo Filho, Ivan de Oliveira com a retaguarda de Clodoaldo de Oliveira. A Rádio Tabajara era a maioral - mesmo com a existência da Arapuan, de Otinaldo Lourenço e José Octávio de Arruda Melo - com a voz feminina de forte impacto junto aos ouvintes de Ana Paula - primeira mulher a se impor diante de um segmento tomado de homens.
MUTAÇÃO SOCIAL
O advento da televisão e os novos hábitos da sociedade se afastando dos fins de semana em clubes e piscinas - construiu um novo ciclo no carnaval.
Olinda, Recife e Salvador pularam as cordas e atraíram para sempre o novo hábito de ocupar as ruas com frevos, maracatus e música ‘trioeletrizada’ a partir de Dodô e Osmar.
De lá para cá bem enxergamos no Muriçocas do Miramar a expressão do novo tempo carnavalesco em João Pessoa longe do Astrea, Cabo Branco, Assex e Internacional de Cruz das Armas.
É, o tempo passou levando consigo lembranças e novos hábitos de curtir carnava
Fonte: Walter Santos
http://www.wscom.com.br/noticias/paraiba/blog+do+walter+santos+explica+a+mutacao+do+carnaval+em+joao+pessoa-210242

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