O espírito vira latas de alguns brasileiros não enxergam os avanços do Brasil

O Brasil já tem know how de gestão pública)


Os anos 70 consagraram uma gestão pública autárquica, de gabinete, própria dos regimes autoritários. Não havia povo, não havia discussões, não havia pressão, e, por consequência, não havia visão sistêmica dos problemas e do país.
Era um falso gerenciamento, um falso diagnóstico porque longe do objeto analisado.
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Nos anos 90, a única experiência efetiva de gestão integrada foram as Câmaras Setoriais do governo Fernando Collor, que consagrou novos atores públicos excepcionais, como Dorothea Werneck, Vicentinho, executivos de multinacionais automobilísticas.
As Câmaras trabalhavam em torno de um objetivo consistente – garantir ao país um lugar no mercado mundial de veículos pequenos -, juntava todas as pontas, de trabalhadoras e montadoras a fornecedores e definia pactos.
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Esse modelo foi interrompido no governo Fernando Henrique Cardoso, pela absoluta inapetência gerencial do presidente. O governo ensaiou algumas tentativas de integrar as diversas áreas, alguns conselhos interministeriais, alguns planos de ação orçamentária, mas que não lograram aprofundamento maior.
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De lá para cá o país avançou muito em todas as instâncias. Apenas o espírito de vira-lata e a polarização política tem impedido enxergar os avanços na gestão pública, nesse grande desafio que é domar e coordenar o monstrengo da máquina pública, atada por mil burocracias.
Mais que isso, houve um aprendizado federativo, de ações de parceria entre os diversos entes federados.
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A organização da Copa do Mundo deu visibilidade a esse trabalho excepcional, cujo mérito deve ser repartido entre governos federal, estaduais e municipais.
O modelo permitiu definir objetivos, responsabilidades, pactos de parceria, complementação de ações, em um show de organização.
De vez em quando uma ou outra nota dribla a manipulação férrea da mídia, informando sobre os grupos de trabalho dos Procons, da saúde, da segurança pública, das obras de mobilidade etc.
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Nas últimas décadas houve avanços expressivos em várias áreas. No governo federal, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tornou-se um instrumento eficiente de articulação dos investimentos públicos. Teria sido mais se houvesse a preocupação de atacar estruturalmente a burocracia que permeia todas as ações do serviço público. É mérito de toda uma estrutura federal coordenada por Dilma Rousseff.
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Minas Gerais também exibiu ações eficientes em saúde, um plano extremamente bem elaborado – conduzido por Antônio Anastasia por delegação de Aécio Neves.
Em Pernambuco, o sistema de segurança pública montado por Eduardo Campos foi considerado um modelo adotado por vários estados.
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Ou seja, tem-se uma base relevante de conhecimento na área de gestão pública.
Onde o parafuso pega?
  1. Na ausência de um trabalho sistemático de reformas estruturais, visando organizar os procedimentos administrativos, fiscalizatórios e ambientais.
  2. Na ausência de uma reforma política, que impeça a desorganização do modelo por acordos espúrios.
Nos três exemplos apontados houve deterioração do modelo inicial por falta de atenção nesses dois quesitos.
http://jornalggn.com.br/noticia/o-brasil-ja-tem-know-how-de-gestao-publica 
acesso:06/07/2014


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