06/01/2013 - 07h00
Bi mundial,
técnico da seleção terá documentário sobre sua vida.
RAFAEL VALENTE
DE SÃO PAULO
TIAGO RIBAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DE SÃO PAULO
TIAGO RIBAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
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O
filme sobre o técnico bicampeão mundial com o Brasil (1959 e 1963) tem como
idealizador Raul Milliet Filho, mestre em história e política pela Uerj e um
dos maiores estudiosos sobre Kanela.
"Ele
não pode ser analisado somente pelos resultados no basquete. A militância dele
no futebol, no polo aquático e no remo transforma sua trajetória em uma das
mais brilhantes", disse Raul.
O
documentário pretende retratar essa versão da história de Kanela. O trabalho de
pesquisa já foi finalizado, mas o documentário ainda não tem data de
lançamento. "Vamos buscar financiamento", afirma Raul.
A
história de Kanela é pouco conhecida no Brasil, embora seu nome esteja ligado à
fase áurea do basquete brasileiro. A ele é creditada também grande parcela da
inovação nos treinos e no sistema de jogo da modalidade.
Arquivo Folhapress
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Pioneiro,Kanela foi vitorioso em vários esportes
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"Era
muito rigoroso e exigente. Os treinamentos eram planejados para quatro, cinco
meses. Isso fazia a seleção muito forte", disse o ex-jogador Wlamir
Marques, comandado por Kanela nos Mundiais de 1959, 1963 e 1970.
O
técnico nasceu na Paraíba e se mudou para o Rio de Janeiro com 11 anos.
Ingressou no Botafogo em 1921, onde ganhou o apelido por causa das canelas
brancas.
No
clube alvinegro, foi técnico de remo e polo aquático, embora não soubesse
nadar. No futebol, dirigiu o time amador do Botafogo e o profissional do
Flamengo, com passagens ainda por Bangu e EC Brasil. Mas foi no basquete que
fez mais sucesso.
"Ele
começou no Botafogo, mas teve uma briga com um homem forte e saiu. Era meu
amigo e o ajudei a vir para o Flamengo, onde fez uma trajetória de sucesso e
alcançou a seleção. Virou até flamenguista", disse Fernandinho, goleiro do
time nos anos 1930.
O
ex-treinador chegou ao Flamengo em 1948. Treinou o time principal de futebol de
novembro daquele ano a março de 1949. Na mesma época, cuidava do time de
basquete.
Kanela
já havia sido sete vezes campeão estadual de basquete pelo Botafogo e aumentou
suas conquistas no Flamengo. No total foram 12 taças estaduais, sendo dez
consecutivas. Em 1951, assumiu a seleção brasileira.
Ele
não tinha formação superior, como o os técnicos de hoje. Ele aprendeu por meio
de observação, experimento e pesquisa.
"Ele
extraiu boa parte de seu conhecimento do livro 'My Basket-ball Bible', do
técnico americano Forrest Allen. Tomou esse livro emprestado e ficou com ele.
Ele lia e adaptava aos treinos. Tinha uma sequência lógica. Treinava muito
contra-ataque, passes e arremessos", disse Renato Brito Cunha, assistente
de Kanela nos anos 1960.
O
lado humano de Kanela também é apontado como um fator que contribuiu para seu
sucesso no esporte.
"Dá
saudade só de falar dele. Foi meu técnico e amigo. A Gávea era como se fosse
sua casa. Ele acompanhava o jogador do juvenil até ser campeão. Em quadra, era
como um Bernardinho. Pulava, dava bronca, defendia de todos os jeitos o
atleta", disse Doranita, ex-jogadora de basquete do Flamengo.
"Fora
de quadra, era um José Roberto Guimarães. Um amigo, um brincalhão. Ele amava o
que fazia", completou a ex-atleta, em alusão aos técnicos das seleções
masculina e feminina de vôlei do Brasil atualmente.
"Ele
morreu praticando isso até o fim. Tinha plena consciência de seu papel pelo
esporte", resume Raul.
Kanela
morreu aos 87 anos, em 12 de dezembro de 1992.
acesso
em: 06/01/2013.
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