Investigador de Coimbra identifica a partícula mais
leve
de sempre
O físico
teórico da Universidade de Coimbra Eef van Beveren acaba de identificar o
"bosão mais leve de sempre", uma partícula subatómica que resulta das
interações nucleares.
Foto: DR
Eef van Beveren
A descoberta constitui "uma
absoluta surpresa para a comunidade científica", pois trata-se de
"uma partícula muito especial e muito mais leve do que quaisquer outras
partículas com (anti)quarks", disse, à Agência Lusa, o investigador.
"Descobertas destas só há uma
por século", sublinhou, com ironia, Eef van Beveren. Mas, para já,
"não se sabe quase nada sobre esta partícula", para além da sua
existência.
"Posso, finalmente, afirmar que
esta partícula existe", salientou o físico teórico, acrescentando que
"agora são necessárias muitas experiências" dedicadas à nova
partícula, para "apurar as suas propriedades".
O cientista da Universidade de
Coimbra (UC) calcula que "um miligrama desta matéria dará para um mega
watt durante um ano".
Se assim for, ela poderá servir como
"combustível nuclear limpo, dado que ao depositar o seu calor,
desintegra-se por completo" sem deixar resíduos, acrescenta o investigador,
explicitando que está a pensar, em particular, "nas futuras descobertas de
novas terras em novos planetas".
Uma substância "leve com
energia muito concentrada será, com certeza, o combustível ideal para naves
espaciais, durante as suas longas viagens no espaço", exemplifica.
Denominada pelo cientista como
'E(38)', a nova partícula, comparável a uma ínfima "bola de sabão, é 25
vezes mais leve do que um protão e, depois de avaliadas as suas propriedades e
o seu armazenamento, poderá realmente ter implicações de longo alcance",
mas - salienta - "só num futuro bastante afastado".
Eef van Beveren, que suspeitava da
existência da 'E(38)' há mais de duas décadas, chegou a esta descoberta a
partir de dados experimentais publicados por cientistas à base de experiências
desenvolvidas recentemente nos aceleradores de partículas de Bona, na Alemanha,
e no Centro Europeu de Pesquisa Nuclear, na Suíça.
Anteriormente, já tinha
desenvolvido, ao longo dos últimos 30 anos, em conjunto com o cientista George
Rupp, do Instituto Superior Técnico, de Lisboa, um método para "analisar
uma variedade de dados experimentais", que permite "prever um
infinito de ressonâncias de combinações quark-antiquark (mesões)".
Aquelas experiências conduziram-no a
resultados que o levaram ao desenvolvimento, em conjunto com o cientista George
Rupp, do Instituto Superior Técnico, de Lisboa, de um modelo que permite
"prever um infinito de ressonâncias de combinações quark-antiquark
(mesões)".
Na comunidade científica,
"ninguém esperava que existisse uma partícula numa zona de energia tão
baixa", admite o físico teórico.
"Provavelmente sou a única
pessoa que estava a espera desta descoberta", além de George Rupp, de quem
recebeu "contribuições muito valiosas" e "todo o apoio para não
desistir".
"Estou muito feliz por ter tido
oportunidade de concretizar este meu sonho em Portugal", conclui o
cientista natural da Holanda.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=2374304
acesso: 21/03/12
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